Eu,você e a morte

A principio neste blog eu iria escrever mais sobre politica do que tudo, mas sinto a necessidade de falar sobre outros temas, como o tema de hoje: Morte.
Pode parecer fúnebre ou desnecessário, porém eu sinto que nós ocidentais nunca nos preparamos para ela de forma nenhuma, digo ocidentais porque não posso afirmar pelas culturas que não conheço. A vida é curta, disso só se tem certeza quando envelhecemos, estamos prestes a morrer ou alguém próximo morre. Eu somente aprendi a lidar com a morte no sofrimento, que é o que acontece quase tudo na vida - só encaramos as dores quando elas são expostas para nós de uma forma sem escapatória. A morte ocupa um lugar muito especial no meu coração, pela constância em que ela se apresenta a mim, eu a respeito e "entendo" mas isso eu também aprendi, isso não muda o fato de eu ficar triste e chorar toda vez que alguém se vai, mas fica mais fácil de superar a perda. A perda vem do apego, acabamos por desenvolver sentimentos em torno do apego "minha avó", "minha amiga", "minha família", para exemplificar. Nós bem raramente achamos que as pessoas podem partir a qualquer momento, eu posso partir antes de terminar de escrever este texto e você pode partir antes de terminar de lê-lo, não fique assustadx, nem com medo, a morte é tão natural quando a vida e é isso que precisamos entender para  seguir em frente. A mãe de uma amiga muito querida faleceu semana passada, eu só falei com ela poucas vezes, mas todos que tem amigos sabem que as vezes a gente "adota" a família dos amigos e os pais deles viram seus tios e assim por diante. Quando li sobre a morte dela eu achei que fosse algum tipo de brincadeira/corrente do facebook e/ou algo parecido, eu fiquei em choque, sem reação é claro. Consegui falar com essa amiga esses dias e ela me disse que a mãe dela foi atropelada por um bêbado e eu fiquei revoltada. Uma vida foi tirada porque alguém foi egoísta o suficiente para não chamar um taxi ou dormir onde estava, as soluções são inúmeras. Eu me pergunto até quando vidas serão tiradas por causa do egoísmo dos outros. Daí você pode (se) perguntar "mas se você só conversou com ela poucas vezes, porque você se doeu com a morte de alguém que nem é seu parente?" a resposta é: por pura empatia. Porque eu sei que dói, sei que a gente fica sem chão, sem entender o porque agora, o porque aquela pessoa... Eu sempre me esforço para me colocar no lugar do outro, só assim eu consigo realmente dar apoio as pessoas que perderam alguém, claro que eu não sinto exatamente como a pessoa se sente mas já se colocar na pele dela ajuda para começar a entender.


 Lembra do lugar especial que a morte ocupa? Então, é assim que eu me lembro que ela tem o lugar dela,
A primeira vez que tive contato com a morte foi com um amigo do meu primo que faleceu jovem, eu fui no velório por pura curiosidade, eu devia ter entre 3 e 5 anos para mim ele pareceu alguém dormindo num lugar que não era uma cama, logo fui embora e não vi o enterro. A 2º vez foi o bêbê que minha estava esperando (aborto espontâneo), dessa vez foi mais chocante pelo tempo de vida (não é só gente grande que morre?) e pela tristeza que minha sentiu, na época eu tinha 10 ou 11 anos, desenvolvi alguns problemas na época, talvez devido ao choque, não sei. Depois veio o falecimento da minha irmã (com 1 hora de vida) ou do meu avô (não lembro ao certo a ordem), tivemos pouco tempo de convivência mas eu amava ele, eu senti que o chão devia abrir e me engolir porque é assim que a gente se sente quando acontece, a gente não quer seguir em frente, a gente quer ir junto e não ter que enfrentar a perda. Velório é a pior parte, pelo menos para mim foi, eu ficava olhando para ele e não conseguia acreditar que ele havia morrido, sim eu esperava que ele acordasse e falasse que estava tudo bem e que era só uma brincadeira (de mal gosto), mas claro que isso nunca aconteceu. Ver ele ser enterrado foi horrível, eu sentia a minha esperança (dele levantar) sendo morta a cada centímetro, daí vem a sensação horrível, igual a de'deixar' minha irmã no hospital... Depois houve a morte de mais 2 avós de consideração e 3 mães de amigos e todas as vezes a sensação volta, a perda o choro a tristeza, isso nunca muda e espero que não mude, porque é como expressamos (como eu expresso) o quanto gostamos das pessoas e o quanto sentiremos falta delas em nossas vidas, mesmo tendo pouco contato.
 O que eu sugiro a você é que viva esse momento até a dor diminuir, saudade sempre sentiremos e acho que não há nada que possamos fazer, então chore, grite, esperneie, durma o dia inteiro, ouça a música favorita da pessoa abrace a roupa da pessoa e sinta o cheiro, agradeça por ter podido conhece-la e poder desfrutar da companhia dela, por poder tido compartilhar todos os momentos que compartilharam e por toda a experiência aprendida, mesmo que talvez você não tenha sido muito proximx da pessoa, viva a dor e depois (e mais importante) deixe a(o) ir, pense na pessoa com alegria e desapego cada um tem sua hora (apesar de dificilmente aceitar isso) e seu momento, EU acredito que não cabe a nós julgar isso, apenas aproveitar a companhia de quem ainda está aqui conosco. Eu acredito em vida após morte, na verdade acredito que nossa verdadeira vida não é essa que você e eu vivemos, sinta-se livre para acreditar no que quiser =)
 Ah não tenha pressa para se livrar de todos os pertences, isso faz parte do desapego e isso (acredito eu) deve ser feito meses depois do falecimento ou quando você conseguir olhar para as coisas e sentir que esse é o momento, sem nenhuma  crise estérica de choro ou vontade de morrer. Conselho de irmã: para vocês se depois de algum tempo vocês ainda estiverem com vontade de morrer procure ajuda de um profissional, a morte não é fácil de lidar e tem pessoas que tem um dificuldade imensa de desapegar, pois cada um encara de um jeito. Descubra o que é melhor para você. Com relação á saudade eu recomento evitar de ficar remoendo lembranças da pessoa, funciona também quando se está longe.
  Se você quer consolar um amigo, ponha-se no lugar dele, ofereça seu apoio e ajuda para o que elx precisar, ofereça principalmente companhia isso será muito útil quando ele decidir ou precisar de ajuda na hora de seguir em frente.
   Espero ter ajudado vocês de alguma forma porque eu sei que passar por isso não é fácil, mesmo depois de tantas pessoas terem partido isso nunca fica fácil, mas lembre-se que vocês sempre tem alguém que gosta e que quer ajudar, as vezes a pessoa não sabe como.